Quem é DILMA Roussef?
As denúncias de corrupção, chamada “crise do mensalão”, derrubaram José Dirceu da chefia da Casa Civil (sendo sucedido por Dilma nesse ministério) e levou à cassação de seu mandato de deputado federal, em 2005, tornando-o inelegível até 2015, mas não o privou de influência na estrutura partidária do Partido dos Trabalhadores (PT) e na campanha presidencial de Dilma Roussef (ex-guerrilheira assim como Dirceu).
SALVADOR, BA, 2ª feira, 13/IX/2010
Sem perceber a presença da imprensa durante palestra no Comitê dos Petroleiros da Bahia, José Dirceu fez comentários pouco elogiosos à candidata do seu partido a presidente, Dilma Rousseff (PT), dizendo que ela, “não se representa” sozinha.
Para o deputado cassado e ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, a eventual eleição da petista Dilma Rousseff para o Planalto será mais importante que a do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pois ele “é duas vezes maior que o PT”, enquanto ela representaria a chegada do projeto partidário petista ao poder:
“A eleição da Dilma é mais importante do que a do Lula, porque é a eleição do projeto político [do PT],
porque a Dilma nos representa. A Dilma não era uma liderança que tinha uma grande expressão popular, eleitoral, uma raiz histórica no país, como o Lula foi criando, como outros tiveram, o Brizola, o Arraes e tantos outros. Então, ela é a expressão do projeto político, da liderança do Lula e do nosso acúmulo desses 30 anos.
(…) Independente de termos essa coalizão, o PT é a base dela.”
Antes da fala, em entrevista, explicou como está participando da campanha petista: “Eu não estou afastado, estou fazendo meu papel. Percorro o país como dirigente do PT, não sou membro da coordenação da campanha (de Dilma). Eu apoio, trabalhei nos palanques estaduais, aqui na Bahia mesmo”, exemplificou.
PMDB reage
Sobre a ideia de, se eleita, Dilma Rousseff daria ao PT mais poder do que o partido tem com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), um os principais articuladores da coligação de partidos que apóia Dilma, lembrou que o eventual governo da ex-ministra não terá a exclusividade dos petistas. será dividido com o PMDB e com todos os partidos da aliança de Dilma.
“Dilma, se eleita, exercerá certamente uma relação mais próxima não só com o PT, mas também com o PMDB e todos partidos aliados que a ajudaram a se eleger”, contra-atacou Alves. Por força dos acertos com as legendas coligadas, Dilma será obrigada a ter uma convivência mais estreita com os partidos aliados, lembrou o deputado (vide: Estadão).
A quem pertence a alma de DILMA Roussef?
Após a sua atuação como guerrilheira durante os anos da Ditadura, com a anistia (1979) e o surgimento do novo quadro partidário que lhe seguiu (1980), a mineira Dilma ajudou a fundar o Partido Democrático Trabalhista (PDT) de Leonel Brizola no Rio Grande do Sul (RS), onde participou do governo do pedetista Alceu Collares (1991-95). Assumindo o governo do RS em 1998, o PT de Olívio Dutra, teve o apoio do PDT de Collares, mas este não desejava a participação do seu partido no novo governo. Mesmo assim, Dilma, ainda pedetista, veio a integrar a equipe de Dutra (1999-2003) e, no meio da gestão, rompendo-se a aliança, trocou de partido, filiando-se ao PT (2001).
“Venderam-se por um prato de lentilhas“, disse Brizola à época, acusando Dilma e aqueles que a acompanharam de traidores.
Assessora da bancada do PDT na Assembleia Legislativa do RS (1980-85);
Secretária Municipal da Fazenda de Porto Alegre na Administração Alceu Collares (1986-88);
Diretora Geral da Câmara Municipal de Porto Alegre (1989);
Presidente da Fundação de Economia e Estatísitica, FEE, entidade vinculado à Secretaria Estadual do Planejamento e Gestão do Governo do RS na Administração Alceu Collares (1991-93);
Secretária Estadual de Energia, Minas e Comunicações na mesma Administração Alceu Collares (1993-94);
Editora da Revista Indicadores Econômicos FEE, da Fundação de Economia e Estatística, após o fim do mandato de Alceu Collares (1995);
Secretária Estadual de Energia, Minas e Comunicações na mesma Administração Olívio Dutra (1999-2002);
Ministra de Minas e Energia no 1º Mandato Presidencial de Lula (2003-05);
Ministra-Chefe da Casa Civil no 1º e 2º Mandato Presidencial de Lula (2005-10).
Na sua trajetória na administração pública, nos governos estaduais e federal, os cargos que ocupou sempre foram resultado de nomeação direta (seja por influência da máquina político-partidária, pragmatismo ou, para alguns, capacidade de gerenciamento), tendo participado apenas dos bastidores nos processos eleitorais nos quais se envolveu. Até hoje. Candidata à presidência da República, esta é a primeiríssima vez que se submete às urnas. Uma total desconhecida do eleitor.
Em um eventual governo Dilma, em meio às raposas da política, como a ex-guerrilheira e tecnocrata se comportará?
Abrangendo PT, PMDB, PDT, PCdoB, PSB, PR, PRB, PTN, PSC e PTC, vimos que os dois maiores, o PT (ao qual a candidata pertence) e o PMDB (partido do seu vice, Michel Temer) mal conseguem esperar o resultado das urnas para arregaçar as mangas e brigar pelo controle do nóvel Governo.
Dirceu a vê como mais fácil de influenciar que Lula (o qual foi apontado como maior que o PT, e assim também é reconhecido pela oposição e pelos analistas), o fato é que apresentando-a como alguém da máquina partidária fica claro que a direção do PT, imaginando-a frágil, vai partir voraz sobre Dilma visando seu total controle.
O PMDB não vai deixar “barato”, sua força vai depender do tamanho que vier a alcançar no Congresso com as eleições, mas já insinua sua disposição de arregimentar os partidos menores na briga pelo Poder. Os menores procurarão se equilibrar entre um e outro, visando construir o seu espaço próprio. Isso, é claro, sem consaiderar as divisões internas no próprio PT e PMDB e os que vierem a subir no barco mais adiante, seja num eventual 2º turno ou, com certeza, com o início da eventual gestão Dilma, na busca da governabilidade.
Sem o carisma e a popularidade do seu padrinho Lula, todos podem sonhar com uma Dilma feita à sua imagem e semelhança. Mas, só pra citar o caso do projeto apresentado por José Dirceu: na sua Dilma, ele esquece que a sua candidatura foi “enfiada goela abaixo” do PT por Lula, contrariando expressivos segmentos do partido. Do mesmo jeito insidioso o presidente da República trabalhou com o intuito de queimar a candidatura de Ciro Gomes no PSB.
Para enquadrar seu partido, Lula investiu no discurso de que estava em busca de uma gestora. Mencionava recorrentemente o pulso firme de sua ministra na pasta de Minas e Energia, que ocupou desde 2003, e exaltava principalmente seu desempenho à frente da Casa Civil, que ocupou desde junho de 2005.
E ainda há o próprio Lula que, tal como vem fazendo durante estas eleições, tendo resolvido abandonar a atitude de magistrado e estadista própria de um presidente da República para agir como cabo eleitoral 25 horas por dia, ameaça:

17/VIII/2010, terça-feira: em entrevista a um pool de rádios do interior nordestino, por ocasião da visita ao município de Salgueiro, Pernambuco, onde autorizou o início da construção do primeiro lote da ferrovia transnordestina.
“Quem pensa que vou deixar a presidência e vou para Paris, para Harvad, não sei para onde… eu vou vir para o sertão brasileiro, vou viajar esse país inteiro para ver o que eu fiz e o que eu não fiz”, afirmou o presidente. “E se tiver alguma coisa errada vou pegar o telefone e ligar para minha presidenta e dizer ‘olha, tem uma coisa aqui errada. pode fazer minha filha, que eu não consegui fazer”, completou.
Entretanto, semanas antes:
A história recente…
…tem não poucos exemplos de como as criaturas se rebelaram contra o seu criador: candidatos completamente desconhecidos dos eleitores, tirados da cartola por seus antecessores foram eleitos unica e exclusivamente em virtude da popularidade de seus padrinhos. Dois exemplos: Celso Pitta em São Paulo e Luis Paulo Conde no Rio de Janeiro foram eleitos, apenas e só, por obra e graça, respectivamente, de Paulo Maluf e César Maia.
* Celso Pitta foi Secretário de Finanças da cidade de São Paulo na 2ª gestão de Paulo Maluf à frente do município (1993-96). Eleito prefeito em 1996 sob os auspícios de Paulo Maluf, rompeu com o padrinho e mentor em 1998, para escapar do impeachment entre uma sucessão de escândalos e o caos financeiro e administrativo da prefeitura. Conseguiu, mas terminou a sua gestão melancolicamente, não tendo se candidatado novamente. Em 2000, Maluf concorreu à prefeitura, tendo-a perdido para Marta Suplicy.
* Luiz Paulo Conde foi Secretário de Urbanismo da cidade do Rio de Janeiro na 1ª gestão de César Maia à frente do município do Rio de Janeiro (1993-96). Eleito prefeito em 1996 sob os auspícios de César Maia, rompeu com o padrinho e mentor em 1999, sendo por ele derrotado em 2000, quando tentava a sua reeleição. Excetuando a sua eleição como vice-governador na chapa com Rosinha Garotinho (2002), a única outra eleição que veio a participar foi a de prefeito em 2004, tendo chegado atrás de César Maia (eleito mais uma vez) e de Marcelo Crivella (2º lugar).
Em comum nos dois casos: a virgindade eleitoral, a vitória arrasadora nas urnas, a ruptura após cerca de dois anos com o seu antecessor e o fiasco eleitoral posterior.
Até quando Dilma, na eventualidade de obter a presidência da República, resistirá “a bater o pé e rodar a bahiana” , dando o seu grito de independência, almejando fazer uma administração mais pessoal, deixando clara a sua marca? E que pessoa então se revelará?
01/10/2010 às 14:11
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